quarta-feira, 7 de novembro de 2012

As diferenças na morte








Estava na mesa de um bar com amigos e escuto uma piada sobre velório, falava sobre o velório do rico e o velório do pobre. Já deixo avisado que como sou péssimo para contar piadas vou direto a minha reflexão.
Todos nós já fomos a algum velório. A diferença começa como você fica sabendo da morte. A do pobre é no boca a boca, a do rico em rede nacional. Um vai para o velório municipal, onde as lamentações se confundem num chororô coletivo com defunto entrando e saindo.  O outro para Câmara de Vereadores ou em alguma catedral, com fila para visitação, para os mais curiosos. O que a família do pobre pode servir no velório é só tristeza e saudade, mas a do rico, dependendo do morto, estoura até um espumante frances, fora os quitutes infinitos. Na hora do enterro a diferença aumenta. Primeiro o pobre recebe sua ultima carona no rabecão da prefeitura. No cemitério os desmaios são freqüentes acompanhados com aquela gritaria dos mais animados e quando o caixão começa a descer por uma corda, sempre tem aquele, que acompanhado com o escândalo típico, querem se jogar no buraco para jazer junto com o defunto. O rico já é diferente. Alguns são  encaminhados para o descanso final sobre o  carro de bombeiros acompanhado por uma carreata quilométrica. Quando chegam ao cemitério, que parece mais um campo de golfe chique, em cortejo vão levando o caixão em reverencia, e desculpe o trocadilho, com um silencio mórbido. Uma lágrima aqui um murmúrio ali, nem todos são verdadeiros, mas todos politicamente corretos. E quando aquele elevadorzinho desce o caixão ao tumulo, uma cena cinematográfica, alguém joga uma rosa branca em sinal de despedida. Mas vamos fazer uma retrospectiva para hora da morte. O pobre, homem que é arrimo de família, morreu porque depois de aguardar dois meses por uma consulta no SUS, foi atendido e quando foi medicado, a enfermeira lhe deu o remédio errado que provocou um infarto e uma morte antecipada. O rico era  obeso com pressão alta e problemas cardíacos mas adorava pular a cerca, e seus exageros cobraram um preço. Teve um infarto fulminante sobre sua amante, e o pessoal da emergência livrou a amante do incômodo de um defunto pesado que ainda cheirava a uísque.
Como meu avô dizia a verdade é só uma: Não importa se é rico ou pobre, feio ou bonito ou outras distinções que possam inventar, o final é sempre igual, para quem morreu,  não há diferenças.



Jorge Oliveira

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