Estava na mesa de um bar com
amigos e escuto uma piada sobre velório, falava sobre o velório do rico e o
velório do pobre. Já deixo avisado que como sou péssimo para contar piadas vou
direto a minha reflexão.
Todos nós já fomos a algum
velório. A diferença começa como você fica sabendo da morte. A do pobre é no
boca a boca, a do rico em rede nacional. Um vai para o velório municipal, onde
as lamentações se confundem num chororô coletivo com defunto entrando e saindo. O outro para Câmara de Vereadores ou em
alguma catedral, com fila para visitação, para os mais curiosos. O que a
família do pobre pode servir no velório é só tristeza e saudade, mas a do rico,
dependendo do morto, estoura até um espumante frances, fora os quitutes
infinitos. Na hora do enterro a diferença aumenta. Primeiro o pobre recebe sua
ultima carona no rabecão da prefeitura. No cemitério os desmaios são freqüentes
acompanhados com aquela gritaria dos mais animados e quando o caixão começa a
descer por uma corda, sempre tem aquele, que acompanhado com o escândalo
típico, querem se jogar no buraco para jazer junto com o defunto. O rico já é
diferente. Alguns são encaminhados para
o descanso final sobre o carro de
bombeiros acompanhado por uma carreata quilométrica. Quando chegam ao
cemitério, que parece mais um campo de golfe chique, em cortejo vão levando o
caixão em reverencia, e desculpe o trocadilho, com um silencio mórbido. Uma lágrima
aqui um murmúrio ali, nem todos são verdadeiros, mas todos politicamente
corretos. E quando aquele elevadorzinho desce o caixão ao tumulo, uma cena
cinematográfica, alguém joga uma rosa branca em sinal de despedida. Mas vamos
fazer uma retrospectiva para hora da morte. O pobre, homem que é arrimo de
família, morreu porque depois de aguardar dois meses por uma consulta no SUS,
foi atendido e quando foi medicado, a enfermeira lhe deu o remédio errado que
provocou um infarto e uma morte antecipada. O rico era obeso com pressão alta e problemas cardíacos
mas adorava pular a cerca, e seus exageros cobraram um preço. Teve um infarto
fulminante sobre sua amante, e o pessoal da emergência livrou a amante do
incômodo de um defunto pesado que ainda cheirava a uísque.
Como meu avô dizia a verdade
é só uma: Não importa se é rico ou pobre, feio ou bonito ou outras distinções que
possam inventar, o final é sempre igual, para quem morreu, não há diferenças.
Jorge Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário